Confira artigo com informações sobre o manejo do diabetes mellitus no paciente idoso
A verdade é que o paciente idoso está sujeito exatamente às mesmas complicações do diabetes que o paciente mais jovem, com uma diferença importante: o risco das complicações cardíacas e vasculares é muito maior, já que a idade é um agravante. E isto já é um bom motivo para um cuidado diferenciado! Além disso, o idoso diabético quando comparado ao não diabético, está mais sujeito a ser poli medicado, apresentar perdas funcionais (dificuldade de locomoção, por exemplo), problemas cognitivos, depressão, quedas e fraturas, incontinência urinária e dores crônicas.
Logo, o paciente idoso com diabetes carece de tratamento individualizado. Isto é, há pessoas idosas ativas e saudáveis, assim com também há pessoas fragilizadas e dependente de cuidados. Nestas últimas, em especial, os principais objetivos são tratar o diabetes e suas complicações evitando ao máximo as quedas da glicose (hipoglicemias), as quedas de pressão (hipotensão), além de cuidar as interações entre diferentes medicamentos, já que muitos pacientes precisam tomar muitos remédios. Além disso, o endocrinologista deve atentar para doenças que limitem o autocuidado do paciente, como problemas de visão e cognitivos.
No paciente idoso as hipoglicemias muitas vezes são confundidas com doenças neurológicas, como demência ou isquemias, não raro, levando o médico não familiarizado a realizar exames e lançar mão de tratamentos desnecessários. Tontura, fraqueza, delírio e confusão são sintomas comuns de hipoglicemia em idosos com diabetes. Principalmente nos que usam medicamentos que estimulam o pâncreas a secretar insulina como as sulfonilureias (glibenclamida e glimepirida) ou que usam insulina.
Outro ponto importante no manejo do diabetes no idoso é a modificação do estilo de vida. Muitas pessoas com mais de 60 anos são sedentárias. Problemas de visão, osteoarticulares, depressão, ou simplesmente insegurança, contribuem para que os idosos se movimentem menos. Logo, a atividade física orientada por profissional habilitado, acompanhada de alimentação apropriada, contribuem muito para a melhora do diabetes. Em estudos, os pacientes com mais de 60 anos melhoram bem mais do diabetes modificando o estilo de vida do que os pacientes mais jovens. Ou seja, o idoso leva vantagem no tratamento não medicamentoso.
Devido ao risco cardiovascular aumentado, o paciente idoso com diabetes deve manter ótimos os níveis de pressão arterial e de colesterol. Como mencionado anteriormente, o tratamento da hipertensão deve ser calibrado para evitar hipotensão. Tontura, como dito anteriormente, pode ser um sintoma de hipoglicemia, mas também pode ser um sintoma de pressão baixa. Para fazer a diferenciação, o paciente deve medir sua pressão e, também, sua glicose na ponta do dedo, quando apresentar sintomas suspeitos. Se os valores forem diferentes dos previamente combinados no consultório médico, deve prontamente procurar seu endocrinologista para ajustar a dose da medicação em uso. No caso do colesterol, se o LDL (colesterol ruim) estiver acima de 100 mg/dL, pode ser necessário tratamento medicamentoso com estatina. Além disso, o fumo deve ser sempre desencorajado e alguns pacientes podem se beneficiar do tratamento com AAS.
Outros cuidados fundamentais são:
– avaliação oftalmológica regular, já que o diabetes aumenta o risco de perda de visão por problemas na retina e por catarata, e quanto maior a idade, maior a chance de isto acontecer;
– avaliação da função renal como parte da prevenção da insuficiência renal crônica;
– cuidados com os pés, já que cerca de 30% dos pacientes idosos não conseguem alcançar ou verificar os pés regularmente.
Dada a complexidade do diabetes como doença e as peculiaridades do paciente idoso, todo paciente diabético com 60 anos ou mais deve ser sempre preferencialmente tratado por médico especialista treinado no manejo do diabetes e suas complicações, ou seja, com o endocrinologista.
Fonte: UpToDate OnLine